Agora que 2024 chega ao fim, refletimos sobre os principais desenvolvimentos que impactaram significativamente a indústria da moda nos últimos 12 meses e o que nos dizem para os próximos anos.
Reorganização dos mercados

Os marketplaces que pareciam dominar a indústria em 2021-2022, durante o aumento das vendas de e-commerce de moda e luxo pós-pandemia, sentiram a pressão da inflação elevada e da redução da procura, levando a algumas aquisições oportunistas em 2024. Por exemplo, a MatchesFashion foi adquirida pelo Frasers Group, que também detém a Sports Direct e a Flannels, como parte da sua contínua “estratégia de elevação”. Outra aquisição notável este ano foi a do marketplace Farfetch pela Coupang, gigante sul-coreana do comércio eletrónico. Mais recentemente, a Zalando adquiriu a AboutYou, uma vez que pretende construir uma posição de liderança no mercado de comércio eletrónico B2B na Europa – outro sinal de que o modelo de negócio dos marketplaces precisará de continuar a evoluir para se manter relevante num ambiente de mercado em rápida evolução.
Os Jogos Olímpicos de Paris: uma celebração das mulheres e da moda
Os Jogos Olímpicos de Paris foram os primeiros Jogos Olímpicos a apresentar um número igual de atletas femininos e masculinos, criando oportunidades para as marcas de vestuário desportivo atraírem fãs e atletas femininas através de patrocínios, lançamentos de produtos e ativações de eventos. O grande sucesso e o número substancial de seguidores nas redes sociais de atletas famosos como a ginasta americana Simone Biles e a skater japonesa Coco Yoshizawa indicam o enorme potencial das atletas femininas como embaixadoras de marcas em beleza, moda, luxo e outros setores nos próximos anos.
Marcas como Mielle Organics e Glossier já estão a contratar jogadoras da WNBA e atletas universitárias como Angel Reese, enquanto o ícone de Hollywood Zendaya representa a On AG ao lado de Roger Federer. No futuro, à medida que as consumidoras estiverem cada vez mais interessadas na longevidade, no bem-estar e na tecnologia para as ajudar a atingir os seus objetivos de saúde, os limites entre o desporto, a moda e a saúde feminina serão ainda mais ténues.
A sustentabilidade numa encruzilhada
As empresas de moda parecem estar a despriorizar a sustentabilidade em 2024, de acordo com o Inquérito Voz da Indústria da Euromonitor, 2024, à medida que a atenção se volta para riscos geopolíticos mais urgentes e o seu potencial impacto nas cadeias de abastecimento.
Além disso, a reeleição de Donald Trump como presidente dos EUA traz mais incerteza sobre o progresso da agenda sustentável dos EUA e do mundo nos próximos quatro anos. Mas esta mudança ocorre numa altura em que novas leis de sustentabilidade, como o Regulamento de Desflorestação da UE (EUDR) e a Diretiva Ecodesign na UE, estão prestes a entrar em vigor.
Por fim, no atual clima económico, em que os consumidores procuram valor, a exigência de qualidade, durabilidade e reparabilidade ganhou importância como opção baseada no valor. Neste contexto, as marcas de moda devem dar continuidade aos esforços que temos assistido nos últimos anos e continuar a posicionar-se como mais responsáveis, demonstrando o seu empenho em reduzir o seu impacto ambiental e melhorar as suas práticas sociais.
Esta abordagem acrescentaria valor à sua marca e aos seus produtos num futuro próximo, o que seria uma vantagem estratégica, uma vez que o volume de vendas está ameaçado não só pelas alterações na regulamentação, mas também como consequência natural do esgotamento dos recursos naturais e da crescente volatilidade nos preços das commodities ligada às alterações climáticas.
O regresso do desfile da Victoria’s Secret em Xangai, na China
O regresso do Victoria’s Secret Fashion Show na China em outubro de 2024 marcou o seu regresso desde o seu cancelamento em 2019. O evento foi transmitido pela Amazon Live, Prime Video e pelas contas oficiais de redes sociais da empresa, incluindo Instagram, YouTube e TikTok.
A Victoria’s Secret sofreu uma transformação significativa nos últimos anos, impulsionada pelo movimento body positive após o movimento #MeToo. Esta mudança beneficiou novas marcas de lingerie, como a Savage x Fenty, de Rihanna, e a Skims, de Kim Kardashian, mas o regresso do Victoria’s Secret Fashion Show significa o renascimento da marca como uma marca mais inclusiva e destaca o apelo da nostalgia do Y2K junto dos consumidores.
A passerelle apresentou modelos de várias idades, etnias, tamanhos e formas corporais, alinhando com os esforços de reformulação da marca, incluindo o VS Collective e o Victoria’s Secret Global Fund for Women’s Cancers, que são concebidos para apoiar mulheres de todas as idades e origens. A busca da Victoria’s Secret por DEI indica como a diversidade e a inclusão se tornaram cruciais para que as marcas de moda ressoem com as consumidoras daqui para a frente.